AS RELAÇÕES OPOSITIVAS DENTRO DE O CORTIÇO: a interação das personagens para construção de fios de enredo

Resumo

O corpus deste trabalho é a obra naturalista O Cortiço, do escritor brasileiro Aluísio Azevedo, publicada em 1890. O interesse em utilizá-la para a elaboração da atual pesquisa veio a partir do conhecimento e estudo acerca do ensaio de Antonio Candido, De cortiço a cortiço, em uma de nossas aulas durante o curso, em que nossa atenção foi tomada, por inteiro, possibilitando enxergar as distintas camadas de sentido que se formam dentro da obra. O fato de o cortiço, a habitação coletiva, ser uma representação do Brasil, abordando aspectos e discrepâncias sociais, a relação de dominador e dominado e a representação dos povos que compõem a etnia do país, mostra grande riqueza, possibilitando este trabalho. Assim, o objetivo desta pesquisa, por meio de uma leitura interpretativa, é apresentar a relação opositiva entre alguns personagens selecionados (João Romão, Miranda, Jerônimo, Bertoleza, Piedade, Rita Baiana), para observar em que medida se distanciam ou se assemelham, bem como tal interação é responsável por designar os conflitos presentes no livro. Este trabalho tem caráter bibliográfico e, para fundamentá-lo, primeiro apresentamos a obra e o autor, bem como textos críticos, sobre sua contextualização e características; na sequência, as categorias narrativas são estudadas a fim de observar como suas relações produzem sentido neste romance e como se dá a construção do texto como um todo por meio de seu arranjo; e, por fim, o trabalho comparativo, em que personagens são colocados em grupos e suas interações, motivações e relações serão observadas para estabelecermos a relação opositiva a qual nos propomos. Para dar suporte à nossa pesquisa, estudo de autores como Bosi (2015), Candido (1991, 2005), Coutinho (2002), D’onofrio (1997), Eagleton (1991), Friedman (2002), entre outros, foram utilizados para fundamentação da pesquisa.