A IDENTIDADE DA MULHER EM REVISTAS FEMININAS: análise discursiva do Jornal das Moças e da revista Glamour

Resumo

Em uma sociedade marcada pelas interações sociais, diversos valores são atribuídos às concepções de identidade de ambos os gêneros, masculino e feminino, de modo a ditar um comportamento ideal a ser seguido, visando à evolução dessa mesma sociedade. O processo de construção da identidade feminina é constante, e passa por transformações conforme o passar do tempo e as evoluções sociais. Os meios de informação, por exemplo, as revistas impressas, detentoras de um material repleto de enunciados construídos por meio de discursos que veiculam ideologias e axiologias, têm como uma de suas funções gerar ideias e opiniões e, por isso mesmo, estabelecem-se como um importante instrumento nesse processo de construção identitária, pois a ideologia vinculada a seus conteúdos, nos planos linguístico e visual, revelará como é a postura e a identidade de um indivíduo no contexto sócio-histórico-cultural em que está situado. Diante do levantamento de questões relacionadas à condição da mulher perante à sociedade, nosso objetivo consiste em realizar análises discursivas de enunciados concretos relacionados à imagem feminina, presentes em material veiculado em duas revistas de diferentes contextos sócio-históricos, voltadas para o público feminino e associadas aos ideais do período histórico em que estiveram/estão inseridas, sendo elas, o Jornal das Moças, periódico popular publicado no período entre 1914 e 1965, e a revista Glamour, ainda em publicação. Desse modo, buscamos tecer comparações que visam compreender se tais discursos foram modificados ou mantidos durante esse período. Para tanto, utilizamos como referencial teórico-metodológico as reflexões sobre gêneros do discurso, ideologia e dialogismo do Círculo de Mikhail Bakhtin, assim como de seus comentadores, entre eles, Fiorin (2006), Brait (2008) e Miotello (2008). Quanto aos estudos sociais voltados à história da mulher, utilizamos Bassanezi (2004) e Vieira (2005). Como resultado, verificamos que, enquanto o Jornal das Moças apresentava a realização da mulher no ambiente familiar, a revista Glamour veicula discursos que revelam o empoderamento feminino no que se refere à liberdade, à profissão e independência feminina, evidenciando que, a cada época, os valores sociais e ideologias veiculados e/ou reiterados nessas publicações contribuem para a construção identitária feminina.