O CADERNO DO PROFESSOR DO ESTADO DE SÃO PAULO E O DISCURSO DE AUTOAJUDA NAS METODOLOGIAS DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Resumo

Em uma sociedade cada vez mais exigente, que se transforma a todo momento, faz-se necessário repensar nas práticas educativas, para atender aos alunos do século XXI, envolvidos por contextos tecnológicos de vanguarda. A observação de senso comum da realidade escolar permite afirmar que os procedimentos metodológicos distanciam o aluno da realidade, porque ainda legitimam a abordagem tradicional de ensino. Faz-se, necessário, portanto, buscar alternativas para resgatar o interesse do estudante pela escola. Na presente pesquisa, a temática propõe o estudo dos efeitos do material didático, como elemento de recurso metodológico à disposição dos professores. Delimitou-se o seguinte problema de pesquisa: como é constituído o discurso do material didático usado pelos professores da educação básica, no estado de São Paulo, denominado Caderno do Professor, na orientação dos processos de ensino e aprendizagem? Parte-se das pressuposições de que, assim como o livro didático, o Caderno do Professor, presta-se a auxiliar o professor, na condução das aulas. Ainda, constrói o roteiro de ação do professor, por meio de enunciados que podem ser caracterizados como autoajuda. Nesse sentido, se o professor não souber fazer do material um uso alternativo, terá sua prática direcionada, e sua voz silenciada. Nesse sentido, o objetivo geral do trabalho é refletir sobre a constituição do discurso de autoajuda no Caderno do Professor:Língua Portuguesa, distribuído pelo governo do estado de São Paulo, para complementar o fazer pedagógico em sala de aula. Por meio da leitura do referido discurso, observar os valores contemplados no ensino da língua materna, a partir de uma ação docente. Para atender ao propósito, estabeleceram-se os objetivos específicos, como: refletir sobre o histórico e concepções sobre enunciado e enunciação, em perspectiva de filosofia da linguagem, em Bakhtin e seus comentadores; discutir o processo identitário de um discurso de autoajuda; analisar as exigências de formação inicial e formação continuada de professores de educação básica; e, por fim, analisar excertos de quatro Cadernos do Professor: Língua Portuguesa – ensino fundamental II – 6º, 7º, 8º e 9º anos, que dialogam diretamente com os professores. Quanto aos procedimentos metodológicos, é feita uma pesquisa bibliográfica que aborda questões sobre enunciado, enunciação e discurso de autoajuda, utilizando as fundamentações teóricas de Bakhtin (2002). Em seguida, são analisadas as exigências de formação inicial e formação continuada de professores da educação básica. Para tanto, são consideradas a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96, as Diretrizes para Formação de Professores do MEC (2015) e o Plano Nacional de Educação – Metas 15 e 16. Por fim, é analisado o discurso de autoajuda constituído no corpus referido anteriormente.