Modernidade Composicional e Foco Narrativo dos Contos Novos de Mário de Andrade: Uma Leitura de “Primeiro de Maio” e “O Poço”

Resumo

Mário de Andrade, autor inserido na chamada “fase heróica” do Modernismo brasileiro (1922 – 1930), possui uma obra rica e variada, pois publicou poemas, romances e contos. Dentre essa variedade de gêneros contemplados pelo autor, escolhemos como corpus desta pesquisa a obra Contos Novos (1947), especificamente os contos “Primeiro de maio” e “O poço”, cujas histórias se situam em um contexto histórico-cultural do começo da ditadura de Vargas e início da modernização da capital paulista. A temática desses contos gira em torno de questões sociais, voltadas para os problemas do proletariado brasileiro. Além disso, pode-se dizer que essa denúncia dos problemas sociais se alia à análise de problemas existenciais das personagens. Assim, por meio de estudos teóricos sobre a narrativa e o gênero conto, presentes nas obras de Genette (apud REIS & LOPES, 2002), Gotlib (2004) e Moisés (2003), respectivamente, bem como de estudos críticos sobre a obra de Mário de Andrade realizados por Telê Porto Ancona Lopes (2003) e Maria Célia de Almeida Paulillo (1983), nossos objetivos são basicamente dois: a partir do estudo sobre a teoria do conto, observar como os aspectos tradicionais dessa forma narrativa foram reapresentados por Mário de Andrade, uma vez que Contos Novos (1947) é uma coletânea de contos da maturidade artística do autor, marcados por uma maior depuração compositiva e estilística e, a partir disso, apresentar uma leitura (dos referidos contos) tendo em vista a crítica voltada às circunstâncias sócio-históricas construída por meio do narrador heterodiegético.