ENTRE O SAGRADO E O PROFANO: uma leitura do conto ―A igreja do diabo‖, de Machado de Assis

Resumo

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento, cidade do Rio de Janeiro. Primogênito de família humilde, o autor era filho do pintor Francisco José de Assis – mulato, filho de escravos que ganharam a liberdade -, e da açoriana Maria Leopoldina Machado. Também chamado de o ―bruxo do Cosme Velho‖, em referência ao nome de uma rua em que viveu parte de sua vida, o autor é considerado um dos maiores, se não o maior nome da literatura brasileira. Machado de Assis produziu contos e romances que elevaram a literatura brasileira a um nível nunca antes visto. E, conforme sua obra foi sendo traduzida para outras línguas, sua fama cresceu e hoje o autor figura entre os maiores artistas do século XIX ao lado de contemporâneos como Zola, Maupassant, Eça de Queirós e outros. Dentre a vasta produção do artista, escolhemos, para o presente estudo, o conto ―A igreja do diabo‖ inserido na obra Histórias sem data (1884). Assim, essa pesquisa tem como objetivo propor uma leitura interpretativa que verifica os efeitos de sentido do discurso machadiano no conto acima referenciado, destacando-se as relações dialógicas existentes entre o conto citado e o discurso bíblico, comparando-se a correlação existente entre o discurso literário e o discurso religioso, enfatizando-se, neste caso, a construção de um discurso paródico e carnavalizado do texto machadiano em relação ao discurso religioso. A fim de alcançar o objetivo proposto, adotamos, como procedimento metodológico, uma pesquisa de abordagem bibliográfica, fundamentada nas reflexões de Bakhtin acerca do dialogismo, estudadas, sobretudo, em Fiorin (2006) e Machado (2005); bem como Mircea Eliade (1992) e Auerbach (2007) acerca do discurso religioso, enquanto Bosi (1982), Vitor M. A. e Silva (2006) e Aristóteles (2005) sustentam nossa abordagem acerca do discurso literário. Complementam o embasamento teórico a leitura de textos ensaísticos de Bosi (2004), Candido & Castello (2005), Candido (1977), Teixeira (1987) e Aguiar (2008), que nos auxiliaram tanto na contextualização do autor dentro da Literatura Brasileira, quanto ao entendimento do seu fazer literário. Para a explanação acerca da narrativa curta, o conto, foram consultados os textos de Gancho (2003), Gotlib (2004) e Soares (2004). Por fim, ainda foram utilizadas, como suporte de leitura, as reflexões de Schmidt e Silva (1978), Brum (2009), Carvalho (2010), Silva (2013) e Cantarela (2014).