VITÓRIA SOBRE A CEGUEIRA: A ORALIDADE NA ALFABETIZAÇÃO E NO LETRAMENTO DE PORTADORES DE NECESSIDADES VISUAIS

Resumo

O interesse pelo desenvolvimento do assunto se deu pela observação das pesquisadoras, em relação à alfabetização e ao letramento de crianças portadoras de deficiência visual, relativamente aos seus aspectos orais, nos contextos de produção e recepção. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é observar a oralidade na alfabetização e letramento de deficientes visuais, bem como a construção e ampliação da visão de mundo, através do desenvolvimento de estratégias orais letradas, por meio da construção de sons e imagens, empregando, para tanto, recursos de cenários sonoros. Assim, a fundamentação teórica foi constituída nos estudos de Vygotsky (1989), Gil (2000), Ferreiro (1988), Kleiman (1995), Rojo (2008), Cagliari (1999), Marcuschi (2004), dentre outros. A investigação apresenta-se relatada em três fases: inicialmente, é apresentada uma pesquisa bibliográfica, que aborda discussões sobre os conceitos de educação inclusiva, alfabetização e letramento, as ferramentas multiletradas e a oralidade, com os principais conceitos e discussões envolvidos em questão. Em um segundo momento, é feita uma pesquisa de campo, com quatro professoras do ensino fundamental I, da rede municipal de ensino de Franca/SP, que trabalham com crianças deficientes visuais, para verificar questões de alfabetização, letramento e oralidade dos portadores de deficiência visual na sala de aula. Em um terceiro momento, é realizada uma pesquisa de campo, juntamente a cinco crianças, com faixa etária entre 9 a 10 anos, deficientes visuais, também da rede municipal de ensino, para verificar a sua percepção de mundo através dos sons, empregando recursos de cenários sonoros. Constatou-se a ampliação da visão de mundo, através da sonoridade e a interação nas práticas sociais letradas, uma vez que a criança cega está inserida em situações reais de uso da leitura e da escrita e exploram os materiais de alfabetização e letramento de outras formas/maneiras. A partir da percepção auditiva do deficiente visual, é possível explorar o mundo à sua volta, construir “imagens visuais e sonoras”, e assim, olhar diferentemente, para o desenvolvimento da alfabetização e do letramento desses alunos. A metodologia não enfatiza a deficiência, mas sim uma “vitória sobre a cegueira” (Vygotsky), perpassando as barreiras e compensando a falta da visão com outras possibilidades.