MEUS AMIGOS E MINHAS AMIGAS, BRASILEIROS E BRASILEIRAS, TRABALHADORES E TRABALHADORAS: DISCURSOS PRESIDENCIAIS E MARCAS LINGUÍSTICAS DE ORALIDADE: A APROXIMAÇÃO COM O POVO BRASILEIRO

Resumo

O discurso do senso comum diz que, para que exista harmonia nas conversas entre amigos, não se pode falar de futebol, religião e política. Levando em consideração a necessidade de participar ativamente na comunidade em que se insere, o sujeito deve conhecer as estratégias linguísticas empregadas para a construção dos discursos e constituir uma argumentação consistente e posicionar-se democraticamente. O discurso político, comumente, simula a fala espontânea, promove a interação entre os indivíduos e é utilizado, considerando a situação de comunicação em que se insere. Adequado a um público específico, repleto de persuasão, estabelece a aproximação entre falante e ouvinte, utiliza-se de recursos e marcas da oralidade, a fim de persuadir aquele que ouve, convencer e promover a confiança, implicando uma ação/reação entre os falantes. Assim, a compreensão dos recursos linguísticos utilizados na interação entre sujeitos torna-se fundamental para a distinção, o julgamento e a construção de sentido. Com base nestas perspectivas, o presente trabalho tem o objetivo de analisar as estratégias da linguagem oral em discursos políticos e como se dá a aproximação do político, detentor de poder, com o povo brasileiro. A linguagem oral estabelece-se na relação entre os sujeitos, que pode ocorrer por meio formal ou informal, constituída em práticas sociais. Assim, nos estudos comunicativos e de interação verbal, podem ocorrer variações discursivas que caracterizam a diversidade da língua. A interação falante/ouvinte é realizada, levando-se em conta o contexto sócio-histórico em que se insere. Com base neste contexto, o corpus da presente pesquisa constitui-se de três discursos de Presidentes da República, observados por meio de teorias que vão dos aspectos linguísticos aos discursivos, passando pelas questões relativas às atividades conversacionais, de características e definições acerca da fala e da oralidade, presentes nos discursos, e ainda uma contextualização sócio-histórica, a respeito do surgimento e dos avanços da linguagem na modalidade oral. O referencial bibliográfico utilizado são as reflexões do círculo de Bakhtin (1997) sobre dialogismo e interação, de Marchuschi (2003) sobre oralidade e fala e também sobre a Análise da Conversação, de Brait (2001) sobre os estudos discursivos, de Charaudeau (2008) sobre o discurso político. Também, em Orlandi (2003), trata-se dos discursos lúdico, autoritário e polêmico, que fundamentam as análises dos discursos políticos, objeto de estudo da investigação. Com esta base teórica, analisa-se cada discurso presidencial, um de Fernando Henrique Cardoso, um de Luís Inácio Lula da Silva e outro de Dilma Rousseff, verificando as famílias temáticas presentes: a) interação; b) repetição; c) autoridade; d) persuasão; e) recursos orais, e f) extensão. A pesquisa, portanto, foca o funcionamento do discurso político, identificando elementos típicos da linguagem oral e da fala, como forma de interação, manipulação e prática social de sujeitos, utilizando-se da autoridade do poder para atingir a um único propósito, que é o voto.